quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Lixeratura

ou nanocontos sobre a arte.

I
Um homem sentado em uma praça tinha a sua frente uma placa que anunciava: troco poemas por alimento. Morreu de fome.

II
Em São Paulo, no shopping mais caro da cidade, há uma livraria. As pessoas passam, olham suas capas procurando objetos de decoração. Figuras que deixem a casa mais bonita.

III
Escrevi para ela um poema de amor. Ela me largou antes que dissesse "eu te amo".

IV
Terminou a última frase da estrofe, finalizando a declamação do soneto. A garota, extasiada, lhe disse: "Adorei. Mas não entendi".

V
- E, o que você faz?
- Sou escritor...
- Só isso?

VI
Neruda, Dickens, Wilde, Poe, Nabokov. Poemas em decassílabos, solilóquios em quatro atos. E, eu? O que faço com essas palavras?

VII
O menino chegou da escola, dizendo para a mãe que a professora disse que faz bem ler. Ela pediu silêncio, pois a novela tinha recomeçado.

VIII
Atualmente, a única maneira das pessoas sorverem palavras é tomando uma sopa de letrinhas.

IX
Marcaram um encontro na livraria. Ele, para impressiona-la dizendo que era um leitor. Ela, pelo café descafeinado e o pão de queijo quentinho.

X
Se não fosse pela literatura, estaria sempre no mesmo lugar.

3 comentários:

  1. Literatura... tsc tsc tsc.

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  2. "VI
    Neruda, Dickens, Wilde, Poe, Nabokov. Poemas em decassílabos, solilóquios em quatro atos. E, eu? O que faço com essas palavras?
    "

    Esse é disparadamente o melhor...

    e alias, porque ainda deixamos anônimos postarem hein?

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