quarta-feira, 4 de abril de 2012

Samba, Sampa!

Não gosto de São Paulo. Paulistanos que me desculpem, mas céu azul é fundamental. Aprecio os quinze minutos que faço para a maioria de meus trajetos. Não me simpatiza as três horas de ida ao cinema para um filme de noventa minutos. Abstenho do glamour e das redes abertas vinte e quatro horas.

A cidade é bonita em um flash. Na doce mentira de Caetano, na aspereza de Criolo. São Paulo é uma cidade boa para estar, não ser. Que saia da afirmação, e das sombras, a corja de inimigos. A defesa dos contrates, do múltiplo, do cubismo tudo ao mesmo tempo agora. Nunca desejei as possibilidades. Prezo pela calmaria e outros elementos que não posso comprar nem na capital, nem em parcelas, nem na minha mão é mais barato.

Enquanto me retiro da cidade, retrocedendo ao interior paulista provinciano, patético, próximo, ao alcance das mãos, sem Rede Globo, Bandeirantes, Comandante Hamilton, pergunto-me se um dia a cidade apenas foi. Não situava-se, como a maioria das grandes metrópoles, no crescimento desordenado e caótico, na lotação, na porrada, feia fumaça que faz e destrói coisas belas.

Há víscera no amor e ódio dos paulistanos pela cidade. Desejam esmagá-la sem sair de dentro, não querem expeli-la das entranhas. Não que me abstenha do efeito colérico. Amo São Paulo com uma restrição judicial. Juntos, há mais de trezentos quilômetros de distância. Da garoa à gente boa.

Tentativas não me faltaram para compreender. Retirar de campo o discurso birrento e inflamado. Observar o lado brilhante da vida. Falhei miseravelmente. Não conseguia completar uma frase sem utilizar mas. A adversativa que tudo estraga. Morno, quase quente.

Estaríamos feitos se só o amor não existisse em São Paulo. Mas você que acorda todo dia antes do galo cantar sabe, mesmo que lá no fundo, que falta é o que não falta. Perdoem-me o maneirismo, mas não existe SP no amor.

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