segunda-feira, 23 de abril de 2012

ninguém compreenderá a última risada de teu cadáver

- Você não me respondeu.

- Oi?

- Não me respondeu. Não me ligou no dia seguinte pra dizer o que pensava.

- Sobre o que?

- Como sobre o que!? Eu te fiz uma pergunta. A pergunta. E te deixei ir na noite fria...

- Ir na noite fria? Tu é o que, agora, um poeta?

- Não fuja do assunto. Você não respondeu.

- Não sei a pergunta.

- Mas eu te falei.

- Desculpa.

- Filho da puta.

- Eu sei.

- Passei a vida inteira dos últimos dias aqui pra você, olhando você, convidando você.

- Às vezes convidar para entrar é o mesmo que pedir pra ir embora.

- Não! Quer dizer... como assim?

- Preciso ir.

Levantou-se e saiu pela noite fria. Joshua, no balcão do bar do Clube, pestanejava sonhando com uma realidade estranha onde se chamava Zack e, com outro nome, comandava o mesmo bar. As velhinhas na mesa do canto ainda fiavam um xale. Joana tomava um chá. A menina, filha de Joshua, brincava com a jukebox que, para ela, era uma gigantesca caixinha de música. A noite esquentava pouco a pouco.

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