quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Carta Ao Santíssimo Padre, o Papa Benedictus XVI

Meu caro e santíssimo padre,

Venho por meio dessa epistola ad vaticanum exprimir alguns de meus sentimentos atuais, que serão a seguir expostos para melhor justificar o pedido do qual se trata a mesma.

Acontece, meu bom senhor, que sou cristão e, o pior, católico, e isso vem me incomodando já há algum tempo. É claro que não se pode dizer exatamente que fui batizado e fiz a primeira comunhão contra minha vontade, de fato a honestidade não me permitiria dizer que estava eu lutando contra os sacramentos em ambos os eventos. Mas essa mesma honestidade não me foi oferecida por minha família, tampouco pela Igreja Católica, quando os termos de aceitação foram expostos.

Primeiro, ninguém me disse, na ocasião, que Javé (usarei o termo mais adequado, para não ofender nenhum outro deus) era um deus que incendiava cidades, exterminava primogênitos de famílias inocentes, condenava seus filhos à crucificação ou à danação nas chamas eternas e permitia que seus fiéis fossem flagelados só para provar um ponto e ganhar uma aposta. Isso tudo, só a Bíblia me contou, muito tempo depois. Além disso, ninguém me avisou ali, na hora do batismo, que eu concordava em queimar no fogo do inferno caso não seguisse as leis de algum príncipe do Egito de milhares de anos atrás. Na verdade, além de "Deus é bom" e "Deus é amor", ninguém me disse nem explicou absolutamente nada antes de me declarar Católico.

Não obstante, senhor Papa, sinto-me bastante desconfortável em participar de qualquer grupo, ainda que por mera formalidade, que defenda, faça ou tenha feito alguma das realizações históricas de vossa congregação. As cruzadas, para começar, não foram nada legais, nem com os muçulmanos, nem com os ateus, nem com os próprios cristãos. A inquisição também, se me perdoa o termo, foi a maior mancada. Encobrir os casos de padres acusados de pedofilia, remanejando-os para outras cidades, também não foi muito correto, ainda que eu não tenha sido uma vítima desses caras quando era criança. E ainda que eu também não vá ter benefícios pessoais com isso, vocês podiam muito bem aceitar que muita gente simplesmente não quer ser heterossexual, e que não tem nada de mais nisso. E para não esticar demais, só quero manifestar que, em um mundo indo para 7 bilhões de pessoas, mundo esse que não se expande nem é tão grande assim, talvez haja alguma lógica em usar anticoncepcionais ou castrar a população. Não vejo nada nos vossos dogmas proibindo a castração, então quero pular fora enquanto é tempo.

É por esses motivos, e outros que não arrolarei para não abusar de vossa santíssima agenda, que venho solicitar, encarecido, que seja emitida em meu nome uma bula de excomunhão, liberando-me dos benefícios e conseqüências de ser Cristão e Católico. Deixarei as chamas do inferno de lado, me aproximando no máximo de religiões com um plano de aposentadoria mais brando para com os pecadores. Ah, sim! Se possível for, sua santidade, gostaria de receber cópia impressa da Ordo Excomungationis, para exibição na parede da sala de estar. Muito obrigado por sua atenção, e viva Dom Bosco.

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