sexta-feira, 25 de junho de 2010

Trovas de Santo Antônio

"Em volta da fogueira
dançando alegremente
está toda faceira
a moça sorridente

E será que essa moça
poderia por favor
conceder-me uma dança
com todo o seu amor?"

Essa seria a trovinha que José enviaria à Mariazinha pelo correio elegante da quermesse da igreja. Será que ela aceitaria?

Foi logo de manhãzinha à loja de seu primo João, para comprar a melhor roupa que pudesse existir. Claro que não adiantaria, já que sendo uma festa caipira, de caipira deveria vestir.

Comprou a roupa mesmo assim, a melhor calça remendada, o melhor chapéu de palha, a melhor rolha queimada para a barba desenhar.

Chegou bem cedo na festa, todo perfumado, de caipira trajado, esperando alegremente a Mariazinha chegar.

Ela veio, demorou, mas veio. Chegou linda como podem imaginar, vestida toda de chita, com um vestido rodado todo enfeitado com fitas de cetim.

José não perdeu tempo, foi logo correndo até o correio elegante e depositou sua mensagem, a trova especial, no cestinho, endereçada à menina mais bonita daquela cidade e além.

Esperou alegremente, ansioso mas contente, que a trovinha fosse entregue e que Mariazinha viesse encantada lhe beijar.

Mas viu outra coisa. Viu, debaixo da estátua de Santo Antônio, Pedro, seu vizinho, chegar devagarinho e pedir a garota de seus sonhos, que lhe acompanhasse ao altar.

Mariazinha aceitou, com lágrimas nos olhos, chorava de alegria, e beijava seu amado, que não era e nunca seria o nosso querido José.

José chorou ele mesmo, chorou de dar dó. Chorou e correu velozmente atrás do correio elegante, para poder sua mensagem recuperar.

A mensagem, a trovinha elegante, jamais chegou à Maria, agora mulher casada e direita. E José ficou pra sempre com aquele gosto ruim na boca de quem senta e deixa a vida passar.

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