segunda-feira, 28 de junho de 2010

bistrô quarenta e dois

- Sim, claro. Posso chamar o chef. Um instante, sim?
- Vá, vá, mâitre. Fico com meu vinho enquanto isso.

- Pois não?
- És o chef, vejo.
- Sim, sou o chef. Nota o chapelão?
- Belo sorriso, cara, mas que seja. Olha, esse foie gras, aqui, tá vendo?
- Sim, senhor, claro que vejo.
- Pois bem, esse foie gras é de um pato ou de um ganso? Sabe, porque sinto gosto de...
- Pâte de abricot? Du pomme? Pâte d'amande? Nossos víveres vêm diretamente das melhores fazendas de criação do estado, monsieur, e aposto que esse sabor peculiar, essa nota como um flavor sincopado (se o senhor me permite), essa marca nítida da presença culinária criativa de nossa cozinha premiada...
- Premiada?
- Sim, claro! Premiadíssima. Por três das melhores revistas de crítica mundiais do momento, quatro estrelas pelo Le guide culinaire, recomendadíssimo (repito, recomendadíssimo!) pelo chef Rémy. Talvez essa sensação nova e ousada, talvez seja a influência oriental que temos experimentado, a pitada leve e quase indistinguível de gengibre, não?
- Não. É bucho. Gosto de buchada, meu filho. Faz favor, traga lá o catchup e não se toca mais no assunto.

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