quarta-feira, 28 de julho de 2010

Esse Ofício de Verso

Nada é mais infeliz para um escritor do que ser abjeto de si. Comum. Perder aquilo que se achava mágico. Notar que era um movimento efêmero e que se foi. O sopro gentil que lhe fazia compor histórias.

Ele não tinha mais nada. A semelhança de seus irmãos, estava velho e não amadureceu. Perdeu o controle da vida. Sentiu falta de si, falta de um mundo que lhe trouxesse emoção. Fora soterrado.

Os remédios que tomava diariamente para controlar sua lucidez minaram seu campo criativo. Suas palavras tornaram comuns como a lista do supermercado. Mas era tarde desejar ser outra pessoa, outra coisa a não ser esse homem cujo ofício era o verso.

Velho demais para aprender outro talhar. Sem outros talentos aparentes, apenas tendo que afirmar sua condição. Sua mísera situação de um homem que deixou se perder. Cuspiu na vida, negou os filhos, riu da morte.

Agora era palha. Memória enterrada em vala comum. Era nada, além de agonia. Nascido com vida, morto em líricas.

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