quarta-feira, 26 de junho de 2013

cena banal (2)

Descobre o desgosto ao morder. Tenta quebrá-lo com os dentes, mas não consegue. É feito pedra.

Retira da boca e observa-o por alguns momentos entre os dedos. Não lhe incomoda a saliva.

Liga para a mãe. Pergunta o que fazer. Ouve com atenção, agradece e desliga.

Enche a caneca de água e faz pose como se em ritual. Coloca a esfera na boca novamente. Arrisca nova mordida, mas o dente ameaça doer. 

Sorve quase meia caneca de água e inclina a cabeça para trás. Engole a mágoa de uma vez só, rasgando-lhe a garganta, e sai para trabalhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário