segunda-feira, 11 de outubro de 2010

bronzeamento satisfatório ou seu dinheiro de volta

Bronzeamento artificial era passado. As tecnologias estupidamente novas e caras convenceram todas as mulheres multimilionárias do planeta – cinco apenas - a embarcarem numa nova experiência: spa fora do território terrestre.

E eis que Martha me convence a vir aqui. Sim, eu sou um dos 8 multimilionários do planeta, possuidor de uma das 5 belíssimas damas ultra-ricas. Os outros 4 donos do mundo tiveram a decência de não casar... pois é, uns enricam por sorte, outros por competência.

Fato é que estamos aqui, desde ontem, e Martha sumiu pelos corredores desse lugar. Uma hostess loiríssima, alva, linda, alta, magra, um pedaço de estrela, catou minha esposa pela mão assim que desembarcamos na ponte de atracação. Evoé!, bela hostess. Pude ficar em paz e solidão desde ontem, nesse paraíso tecnológico futurista com paredes refratárias e muito, muito ar condicionado.

Andando aleatoriamente pelas quase infinitas bifurcações, com um copo de Dinamite fumegante como companhia, acabei chegando numa porta que dizia: “Dono”. É, tipo isso mesmo, como diziam “John U, detetive particular”, ou “Gregory Home, head doctor”, essas coisas. A diferença é que essa porta falava, e não era uma gravação de secretária eletrônica.

Ela disse: “Dono”, e eu: “Ahn?”. A porta respondeu “Aqui é o gabinete privativo do dono deste spa, seu panaca” e eu finalmente entendi. Enfim, como Martha não dava a impressão de voltar de seja lá onde estivesse, achei por bem tocar a campainha. Entendam: é difícil achar companhia num lugar fora da Terra em que só você e mais 3 pessoas tenham condições de pagar. Sério. Não faço nem ideia de onde caralhos vem todo o dinheiro desse lugar, mas com certeza não é de uma freguesia muito grande.

A porta abriu, de todo modo, e estranhamente gemeu enquanto eu atravessava o batente. O dono do lugar, largado num sofá luxuosíssimo, olhava pra mim com um sorrisinho sarcástico. Tinha dois copos de Dinamite na mão – na MESMA mão, que se dobravam em dedos pros dois lados, 10 dedos e 2 palmas. Ok, eu tenho muito dinheiro, não posso me assutar.

- Mas que porra é essa!?

Ok, acho que me assustei. Ele deu outra risadinha e se apresentou. Hélio, o nome, dono daquela estação inteira de bronzeamento e veraneio. “Porque, veja só”, ele começou a explicar, “não tem nada mais lucrativo que bronzeamento e veraneio num lugar em que sempre, SEMPRE há sol e verão. Não é de derreter o cérebro, isso?”

É. Era. No Sol é quente pra caralho, a propósito.

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