domingo, 11 de março de 2012

das neves


- Bicho, quando eu vi que ela tava ali, sentada na minha frente, olhando e sorrindo pra mim, olhando e sorrindo disfarçadamente pra mim, vou te dizer, minhas orelhas ficaram quentes. Digo, eu tinha olhado os olhos dela, passando por trás de mim antes de entrar no trem, mas daí a sentar na frente da menina, vou te dizer, é bem outra coisa, bem diferente. Fiquei com as orelhas quentes, se tu quer saber: olhos verdes azuis brilhando acastanhados, porque eu não vou dar a chance de errar a cor dos olhos... mas eram verdes.

Dejair não estava com sede. Pablo, por outro lado, bebia uma atrás da outra ouvindo o amigo contar. Sabia pra onde iria aquela conversa.

- E, imagino, na hora que a viu pensou "meu deus, é ela!", não foi?

- Pensei não! Digo, até pensei sobre pensar isso, mas pensei que pensando assim eu daria abertura pro mundo vir e chutar minha bunda. Daí sorri e parei de pensar. A gente continuou olhando, um pro outro, e nos meus fones tocava o samba que toca agora. Bicho, vou te dizer, pra gente fazer mais um samba precisa de quase nada.

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