segunda-feira, 11 de julho de 2011

blues

Arthur e Beto pousaram os copos na mesa ao mesmo tempo, com um pequeno estalo. Sincronizados. Engraçado que nem era de propósito, mas aconteceu. Só Arthur percebeu, de todo modo, porque Beto olhava para a moça que lia uma poesia.

Era noite de leitura, no Clube. Noite de leitura costumava significar, desde o começo, noite chata. Noite em que não liam nada que prestasse, noite de textos próprios sem qualquer teor poético, qualidade zero. Beto e Arthur iam ao Clube de vez em quando e de vez em quando calhava de ser a noite de poesia.

O poema que a moça lia não era bom, mas ela sim. Arthur ainda olhava o copo pensando sobre o estalo quando Beto só exclamou:

- Ruim, texto ruim, mas puta mina boa, olha só. Lê bem demais, a garota.

- LÊ bem, é? É boa por ler bem? Sei.

E Arthur encheu novamente o copo, enquanto Beto olhava o corpo levantando da cadeira sob palmas efusivas. “É”, pensou, “texto ruim e má platéia”.

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