segunda-feira, 25 de julho de 2011

tri(ck)ste(r)

- Claro! Você acha que eu estaria aqui se não quisesse? Digo, olhe pra mim... eu não estaria aqui se não quisesse.

Ela deve estar certa. Sei lá. Se quisesse estar longe, estaria. Ela sabe que eu não iria atrás, de qualquer jeito. Talvez por isso tenha ficado já na primeira vez que pedi. Um convite despretensioso, confesso. Pensei que ela fosse embora...

- ... por causa disso. Claro! Sabe o que eu acho? Pois eu penso nisso todo dia e acho que...

Telefone toca. O do bar, não o meu: eu não tenho. Telefone toca e é pra mim. "Um segundo, meu amor, já volto aqui" e sigo lá para o balcão. Joana flerta comigo no caminho. Joshua pergunta "tá achando que esta merda é call center?". Na verdade não acho nada. Só estou achando estranho terem me encontrado aqui.

- Oye... oye!, amigo, soy Oscar. Sí, sí, estoy en Barcelona. Tengo una... lamentable... una noticia triste. Sí. Cálmate, te lo voy decirla... Es Marília. Ella... ella... se ha matado.

Vejo Joshua com o fone ao ouvido, falando em portunhol alguma coisa que eu não sei. Não sei. Tanto faz. Estou na mesa de novo, a menina me olha estranha e pergunta se tudo bem. "Tudo bem", respondo eu, "claro que tudo bem".

Por que não estaria?

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