quarta-feira, 22 de junho de 2011

Humpty Dumpty

Sabe, a questão de identidade é um elemento que sempre me afligiu. Quase não reconheço pessoas e elas também não me reconhecem.

Me esforço em ser invsível. Mas ao menos o nome ou a fisionomia básica poderia ser lembrada. Posso tranquilamente caminhar na mesma rua que um vizinho de apartamento, por metros, e só ter consciência de que moramos no mesmo prédio por trombarmos ao abrir o portão.

Se um nome é capaz de definir a pessoa, não sou definitivo. Passei boa parte do ano anterior usando um pseudônimo que nem fora criado por mim, alguns de seus amigos me conhecem assim e tenho de dar explicações.

Não foi uma revelação súbita, apenas uma mulher, da qual não quero mencionar, que batizou a idéia e, nunca sabendo a loucura que as pessoas chegam, optei por troca-lo. Sempre imagino alguém denunciando-me por usar um nome que não criei.

Notei que vivo procurando nomes para me aceitar. Sou um sujeito que não existe, sem nome, então. O papo do sujeito que você ouviu anteriomente me pegou mesmo, mais do que eu poderia imaginar.

E Ana volta seus olhos a mim, perguntando: Desculpe, o que você dizia? Viu que aconteceu um acidente que ta passando na tevê? E sorri com seu dente cheio de pontas.

Suspiro e engulo o riso. “Quer outra bebida?” e toco o fundo do meu copo na base do dela.

Um comentário:

  1. Olho pra ti e olho pra Ana. O riso que tu segurou, meu filho, eu não preciso esconder. Rio.

    Outra bebida é sempre a resposta.

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