- Inveja do...
- Falo! Tá bom, Joaquim, eu falo. Que diabos, que coisa chata, por que você não para? Qual teu problema?Hein? Se acha uma estrela, ator principal, algo assim? Por que nada é pra mim, poss'saber? Por que pra você, sempre, as luzes todas, aplausos, as flores, toalha branca no camarim? É o fim da picada, Joaquim, é o fim. Eu falo. Falo que não aguento mais! Dividir o palco contigo é uma merda, uma merda, e não no sentido francês. É no bem brasileiro, mesmo, uma merda tremenda, bosta total, puta que pariu, viu? Mas tudo bem, somos contratados do Municipal, eles pagam meu salário então não falo mal de nada, nem de estar contigo. Arte é minha vida, mas lá é só serviço. Vou, bato ponto, saio, faço o que tenho que fazer, contigo ou sem, pra mim tanto faz. Tanto faz. Mas não preciso dividir a vida contigo também, não, preciso não. Não preciso mais. Que seja, já era. Fora. Estou fora. Agora. Pega as tuas coisas e vai embora, por favor, pega teu troféu de melhor ator, a placa de menção honrosa, a chave da cidade, o que quiser, hoje vou dormir na Paty. Amanhã, quando eu chegar, faz favor de ter ido embora. Pra nem voltar.
- Inveja do falo, coisa do Freud, moça impotente, péssima atriz. Vou. Vou feliz. Toma aqui, pega essa nota - é grande, basta - e paga a conta. Eu já parti.
- E quebre a perna. Filho da puta.
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