- Fumaça e pentelhos? Que porra é essa, mané?
- Ah, um monte de papéis que encontrei em casa, no fundo do armário. Nem lembrava mais que existia.
- As traças que o digam. Parece bem velho. É teu?
- É, é. Na verdade é um tipo de, ahn, tesouro familiar. Passado de geração a geração desde o século XVII, e todos os grandes homens da família já contribuíram com isso.
- Tô vendo. Tem uma caralhada de contos aqui, hein? Olha esse...
"O suor escorria por suas costas, lívidas e sedosas. A luz da chama que preenchia o ambiente dava a seu corpo uma aparência translúcida, irreal, como se o fantástico ser com quem eu acabara de phoder tivesse vindo de outra realidade."
- Quem escreveu esse?
- Marcílio Oliveira de Aragão. 1772.
- Eu gosto desse aqui, deixa te mostrar:
- Eu gosto desse aqui, deixa te mostrar:
"Ouço os gemidos baixos sendo enviados aos céus, ao ar do quarto esfumaçado, a Deus, ao pau que meu pai me deu. Ela aperta meus braços com força, as unhas encravando em minha pele enquanto seus dentes passeiam em meu pêlo. A mulher está louca. Não posso conter um sorriso enquanto a observo ser envolvida, de dentro pra fora, por parte de mim. Seus olhos fecham e os gemidos continuam, num delírio incompreensível. Se alguém escrevesse um dicionário do léxico sexual, pouco ou nada seria entendido."
- Legal mesmo. De onde?
- Itália, século XIX. Chamava Martino di Firenze.
- Vocês não têm o mesmo nome?
- Como?
- É, o mesmo nome. Não é um tesouro de família, isso aí? Então, não deviam ter o mesmo sobrenome?
- Ah! É, acho que devíamos. Mas não parece mais seguro sair por aí, sendo um canalha, sem deixar rastros atrás de si? Imagina se as mulheres dessas histórias resolvessem procurar meus antepassados, pra tirar esse assunto a limpo. Provavelmente ia criar mais aborrecimentos do que a gente... do que eles queriam.
- Hm... e você nunca escreveu nada?
Ele deu um grande gole no uísque sem gelo que, de repente, estava em suas mãos. Sorriu. Quando apontou para o fim do livro, o outro viu que havia várias páginas ainda em branco. O copo de uísque voltou à mesa.
- Ainda não. Estou, você sabe... recolhendo material para isso.
Em algum outro lugar, talvez distante, duas mulheres comentavam o tesouro familiar de uma delas. "... di Firenze. O que diz aí?" O som de folhas sendo viradas encheu o Clube. "Diz: pau pequeno."
Que texto sensacional. Li ele no celular e não dava para comentar ainda.
ResponderExcluirLe, se me permite, tenho um pequeno relato para acrescentar ao Cópulas Fabulosas e dialogar com seu texto.
coloca "cópulas cabulosas II" e manda brasa
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