- Como assim não sabe?
- É, não sei. E faz uns anos que prometi pra mim mesmo ficar quieto quando não soubesse.
- Mas como você sabia, há alguns anos, que não saberia disso?
- Constância.
- Como assim constância?
- Constância, oras. Eu costumo não saber de nada. Ou, no mínimo, costumo não saber de muita coisa.
Uma mosca voava sobre a mesa de bilhar. Na jukebox tocava uma música doida que ninguém mais sabia. Ninguém conhecia. Até o dono dela morava, hoje, numa praia deserta no norte do sol, longe de qualquer um que o quisesse ver. Mas ninguém queria. O Clube estava abafado de cerveja e solidão, mas curiosamente havia mais gente naquela noite do que houvera a semana passada inteira.
No fundo do bar, porque essas coisas sempre acontecem no fundo do bar, uma cadeira se afastou da mesa. Os pés arranhando o assoalho chiaram um choro e ninguém se levantou para sair. A mesa vazia continuou vazia, como estivera a noite inteira. Sobre ela, no cinzeiro, o fim de um cigarro queimava lentamente.
Nenhum comentário:
Postar um comentário