segunda-feira, 5 de novembro de 2012

aliança

- Como assim, "casou"?

- Casei, ué. Simples. Casamos, na verdade. Ninguém casa sozinho.

O silêncio não existia, naquele Clube. A jukebox hoje estava cansada, fora da tomada, e um gramofone servia para tocar o som que enchia o lugar. Post-rock japonês, Hiiragi Fukuda, som agradável. Ambiente.

- Por falar em "ninguém casa sozinho", como diabos vocês casaram sem que ninguém soubesse? Sem testemunha, ninguém!?

Sorriu.

- Ora... casamos, simplesmente. Ela e eu, Eva e eu. Estávamos deitados, estávamos na cama. Pensei "e por quê não?". Não tinha por quê não. Então, pronto. Cá estamos.

- Casados.

- Pois é...

Sons de cervejas sendo abertas, portas sendo fechadas, vento varrendo calçadas.

- Mas nem ninguém, mesmo? Nenhum juiz pra assinalar a assinatura? Nem um mísero padre, meu velho?

Sorria.

- Nem um mísero padre. Nem juiz. Nem nada. Só os dois, que é quem conta.

- Certo... mas nem nada?

Sorri.

- Como nada? Que mais existe, além disso?

Cerveja, post-rock, Joana andando ao longe, um fone, dois gramas. A noite corria solta.

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