- Como assim, "casou"?
- Casei, ué. Simples. Casamos, na verdade. Ninguém casa sozinho.
O silêncio não existia, naquele Clube. A jukebox hoje estava cansada, fora da tomada, e um gramofone servia para tocar o som que enchia o lugar. Post-rock japonês, Hiiragi Fukuda, som agradável. Ambiente.
- Por falar em "ninguém casa sozinho", como diabos vocês casaram sem que ninguém soubesse? Sem testemunha, ninguém!?
Sorriu.
- Ora... casamos, simplesmente. Ela e eu, Eva e eu. Estávamos deitados, estávamos na cama. Pensei "e por quê não?". Não tinha por quê não. Então, pronto. Cá estamos.
- Casados.
- Pois é...
Sons de cervejas sendo abertas, portas sendo fechadas, vento varrendo calçadas.
- Mas nem ninguém, mesmo? Nenhum juiz pra assinalar a assinatura? Nem um mísero padre, meu velho?
Sorria.
- Nem um mísero padre. Nem juiz. Nem nada. Só os dois, que é quem conta.
- Certo... mas nem nada?
Sorri.
- Como nada? Que mais existe, além disso?
Cerveja, post-rock, Joana andando ao longe, um fone, dois gramas. A noite corria solta.
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