Não tenho amigo entre homens, não tenho amigo entre cães. Por que esse viralata me seguiu como se eu fosse osso, seu dono? Não sou, nunca fui, não vou ser. Passa, disse, passa. Sai daqui. Vai, sai, pra lá, passa. Chatice de cão mais chato, esse. E eu pensando, pensando no que faria um cachorro correr feito louco atrás de meus pés, sem que eu nunca o tivesse visto. Que é isso? Pareço um poste? Pareço? Talvez isso, sim, talvez eu pareça poste e aquele pulguento queria mijar na minha perna, na calça amassada que ontem tirei da gaveta. Cachorro seguindo, diacho, ainda bem que aqui não entrou, ainda bem. E esse pensamento que segue seguindo o tempo todo? Que é isso, então? Minha cabeça gira gira, cansa, esbaforido o pensamento. Essa mente é um cachorro rodando atrás de seu próprio rabo. Se fosse pra acreditar em karma, diria que eu era um cachorro na outra vida, mas acho que não faria sentido. Acho que vou ser um cachorro na próxima, pra pagar o pecado de ter escorraçado tanto cão sem dono a vida inteira. Bicho chato, chato, pulando, babando, pedindo comida e a gente humano achando que é afeto. Que ele quer carinho. Ele quer é teto. A gente também quer, não quer? Teto. E uma cerveja, no momento, uma cerveja cai bem, enquanto o teto mantém-se em pé.
segunda-feira, 18 de março de 2013
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