a Clara
A noite era de fado, hoje no Clube. Fumaça subia e os vasos as jarras garrafas de vinho entornavam nas mesas, nos copos, cerveja, sem sons.
- Se não há silêncio não há fado - dizia o velho Anfitrião - por favor, se houvesse silêncio era bom.
Uma mesa de idosos de outra parte do país ri bem baixinho, entre vinhos de nominação de origem controlada. Canta cantes e, naquela noite, inaugura-se uma nova modalidade de humor xenófobo. Portugueses a contar piadas de português.
- Da minha vila! - dizia um - Conta-se lá na minha vila!
- Se houvesse silêncio era bom.
Silencia-se a tasca toda. Os velhos, baixinho, inda riem. Sobe ao ar um cheiro que sabe a Lisboa, a Tejo e a dois anos idos. A guitarra portuguesa emula a viola caipira do interior de São Paulo. Estalam-se dedos ao ritmo da canção, e o fado canta.
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