Gavilanes nem se lembrava mais de quando abandonara a esposa. Fazia tempo. Quando saiu de casa foi direto à Série A do Paulistão. Jogou como um diabo, aquela temporada, comandando o time mesmo não sendo o capitão. Foram vice. Tudo bem, pensou Gavilanes, vice pra quem era segundona ano passado, fomos bem.
Mas o técnico não gostou do quanto ele era bom, os cartolas fecharam o samba e botaram Gavilanes fora. Despedido, sem contrato em canto algum. E sem mulher.
Ter jogado como um diabo, no entanto, serviu pra alguma coisa. O mundo todo botou os olhos no zagueiro, grande jogador, já velho em fim de carreira. Ia pendurar as chuteiras? Não! Temos aqui, Gavilanes meu filho, uma coisa pra ti. Uma missão.
Como? Sim, sim, temos dinheiro. Não, não temos nada que ver com clube algum. Só mexemos nossos paus, sabe como é. Sabe sim, eu sei... Enfim, meu amigo, vamos logo ao assunto: queremos que vá à Copa do Mundo.
...
Gavilanes claro que aceitara. Não tinha nada a perder, a Copa era um sonho altíssimo e ele, ora, ele foi. Na hora. Pegou uma mochila, o rumo da Copa, e caminhou. Caminhou, caminhou, e quando pensou ter chegado, era só o começo. A missão pra qual o mandaram era mesmo das mais arriscadas, e ele começou a escalar. Subiu pelos galhos mais tortos, mais altos, mais todos da Árvore-Mundo. Demorou, mas quando chegou lá no topo, nas últimas folhas, não pode conter o sorriso.
Estava na Copa do Mundo.
Achei incrível o conceito surpresa do final. Ficou bonito.
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