I - Junho, 1991
A lembrança é viva por uma foto, tirada ao pé de uma falsa árvore, com um falso sorriso, obrigada pela escola. Ele de mãos dadas com ela, a infeliz que, aleatoriamente, foi escolhida para dançar quadrilha com aquele garoto tímido. Um risco falso como bigode, retalhos de mentira na roupa e ela, japonesinha, de vestido quadriculado e chapéu com tranças falsas coladas.
II - Junho, 1994
A professora insistia que cada classe deveria organizar uma quadrilha. Aulas e aulas perdidas para tentarem sincronizar um bando de crianças da segunda, terceira, quarta série, que ainda não tinham vergonha em usar aquelas fantasias mas, em breve, teriam. E muito.
III - Junho, 1999
No ano da formatura da oitava série qualquer festa é motivo para arrecadar fundos para a formatura, o pior momento custo benefício da história da humaninade. Ele ficou, ao lado da mãe, responsável pela barraca de cachorros-quentes. Entregando, um após outro, pães embebidos naquele caldo forte de ketchup que dá azia estomacal só de pensar.
IV - Junho, 2000; Junho, 2001; Junho, 2002
Em escola Batista, festas de santos não tem vez. Corta.
V - Junho, 2005
Uma das grandes festas do ano. A primeira que o calouro decide ir, principalmente por ser na praça, a céu aberto, de graça. Meia hora em uma fila para comprar o que se comer, mais meia hora para ter o que beber. Metade são universitários bêbados, a outra calouros perdidos. O que marcou foi a japonesa – não a mesma da primeira cena – que após três horas dando em cima de qualquer homem, foi embora sem pegar ninguém. Os amigos apelidaram o lugar em sua homenagem: a praça da japonesa triste.
VI - Junho, 2010
Um dia depois o amigo que o visitava iria embora. Decidiram subir algumas quadras e conferir a festa que acontecia. Eles, outro amigo e a namorada de um deles. A dita festa se resumia a um quarteirão lotado de universitários, com duas barracas de bebida e duas de comida. Deram uma volta pelo local, falaram mal da gordinha que, vestida de caipira, mais parecia a capa de um bujão de gás e, perante a festa mais patética que já foram, decidiram voltar para casa e pedir duas pizzas.
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