Certa vez chegou ao Clube a história de um trompetista, ali das vizinhanças. Era Bob Cat, o nome dele, nome que trouxera do estrangeiro. Bob Cat era Robinho, antes de ir, e na hora de voltar foi uma piada:
- Como é que é, Robinho? Boquete?
- Não, porra! Bob Cat, eu já falei.
Mas o Bob levava no bico qualquer xingamento, porque quando ele tocava ninguém mais sabia de nada. A música fluía por dentro de cada ouvinte, dava meia-volta e acertava novamente cada um deles, na cabeça, como um porrete. Bob Cat era bom demais, até no estrangeiro eles falavam. Voltou lá de Saint Louis com uma nova forma de tocar, e diziam que havia deixado em Saint Louis uma mulher.
Por isso no barraco de Bob, no fim da favela, o trompete tocava triste fazia um tempo. Até que parou. Foi isso que chegou no Clube, essa história. Um dia o moleque vizinho viu o Bob tocando trompete alto, com a bochecha inflada feito os balões do Gillespie, aquele absurdo. O que parecia estranho, o moleque logo notou, era que Bob tocava no carro, trancado, janelas fechadas e motor ligado. Os faróis, entretanto, não iluminavam.
A favela de Bob Cat ficava ao pé de um cemitério, que começava no barranco logo depois da casa dele. Ali nasceu o jaz, é o que dizem, e ali Bob morreu.
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