Lambo Iago com a ponta de meus dedos, viro as páginas da tragédia do Mouro de Veneza, torcendo para que a tenacidade do vilão vença e o troféu – triunfal prêmio chamado Desdêmona – caia em sua mão.
A vileza está nos olhos de quem vê, a moral é uma arma pagã para que marionetes não fujam de seu controle. Quero ser o homem que derruba os pinos do boliche. Capaz de destruir estruturas aparentemente estáticas e ilusoriamente sólidas.
Ela esqueceu seu lenço quando passava por mim. Distraiu-se entre um gracejo e outro e, ao cair no chão, eu o recolhi e o pus no bolso. Pouco me importa se seu mouro foi o homem que lhe deu o presente. O lenço me pertence como quero pertencer a ela. Entrar nos poros de sua pele e sugar seu cheiro.
Estou enlouquecendo ou ontem seu olhar dizia algo para mim. Algo mais do que a simples constatação do ver. Era um pedido, a lava do desejo, mais nada. Aqueles olhos ou dissimulam ou chamavam este Iago, Chama-me, chama-me com seus lábios, seus olhares, seu corpo, que deixou seu lenço para trás e me cubro de teu corpo nu. É nele que quero morar.
Um maestro em cima do palco rege uma orquestra. Teu corpo é minha sinfonia. A sua melodia curvilínea Desdemona transformada em deusa do amor. Te chamo de Vênus, enquanto sussurra em meus ouvidos Vamos, esperando que eu a possua.
Oh, volúpia, ardor e desejo que desperta. Quero a paixão viva que escorre dos seus lábios. E que seus lábios provem do gosto do veneno de Iago. Nem que te tenha por caminhos vis, justificando os meios de minhas ação. Nem que o mouro pereça. Meu corpo será seu abrigo.
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