[A luz sobe gradualmente. No centro do palco, um ator gordo e trajado feito um sir decadente dos fins do XIX steampunk. Aparência levemente próxima à de Sérgio Mamberti – que aliás, trabalhou com meu avô]
(Homem) RAIOS E TROVÕES! RAAAAAAIOS E TROVÕES!
Ouve os raios, ouve!
Um cabum atrás do outro, e raios, e brum!, garoto, ouve os raios e os trovões
chegando dia hoje, na véspera de sua tia.
...
Como se esqueceu? Meu deus, se esqueceu?! Amanhã chega sua tia, pra ficar uma temporada, ora, faz um ano que a casa toda foi avisada e você se esqueceu?
[Sonoplastia de trovões. Piscam luzes brancas, flashs, feito fogo de corisco]
(Homem) Houve um tempo em que ela vinha quase duas vezes, de visita, você lembra? Vinha no começo e fim do ano, ou duas vezes ao mesmo tempo, dependendo do sentido que se desse aos ponteiros do relógio. Ah, meu sobrinho, naquele tempo os ponteiros não tinham assim tanto sentido...
[Trovões ressoam e um relâmpago arrebenta a porta de entrada. Parada em pé na soleira do castelo, uma mulher com roupas leves meio hippies, Flores no cabelo, rosto molhado e pele de pêssego. Sim, ué, o diretor sou eu ou não? Quero uma mulher com pele de pêssego, ora porra...]
(Homem) Raios e trovões, prima Vera, meu bem, por que chegou tão cedo assim?
(Vera) Aquecimento global, acho eu...
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