- Pé-de-vento.
- Como?
- Pé-de-vento, foi como acabou que ela se chamava.
- Conta essa história direito, cara.
- Tá. No meio do mato do planalto, tu sabe, tem gente que diz que tem uma gente antiga, gente bicho, diferente da gente gente, mas é mentira. O que tem no planalto é formiga trabalhadeira e sol e céu e eu tava lá, veja você, esperando pra conhecer a gente mesma do lugar. A gente gente, que eu não sou desses de crendice em achar que gente bicho existe.
- Sei.
- E me perdi.
- Claro.
- E me vi metanorfo... metanosf... metarmo... Porra!, transformado num inseto enorme e...
- Quando acordou?
- Quê?
- Quando acordou. Quando acordou, se viu metamorfoseado num inseto enorme?
- Não, bestão, eu tava andando. Daí eu andava com oito patas e quan...
- Seis.
- Cês o quê?
- Seis. Seis patas. Se fossem oito, tu seria uma aranha enorme. Ou ácaro. Acho que até carrapato, mas não inseto. Inseto é seis.
- Ta'queu'pa! Ok, aracnídeo enorme e eu andava mais rápido porque tinha pressa e vi lá essa mulher e ela era, nem sei como explicar... era como se ela tivesse vento nos cabelos e o tempo passasse e corresse mais e mais barulhentados com ela ao lado. Rainha-mãe das andorinhas, chamava ela.
- Não era Pé-de-vento?
- Foda-se!, foda-se. Não conto mais essa merda de fábula porra nenhuma. Que o diabo te carregue, e leve tu e tua moral da história junto. Que coisa impossível, velho, tá louco...
Joana sorria e servia mais cerveja àqueles dois, que havia muito não pintavam pelo Clube.
Moral da história: o bom filho à casa torna antes bem acompanhado do que mal sempre tem cerveja a mais nunca falta amor em nenhum canto da vida e o pássaro que canta antes afugenta a comida.
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
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