sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Retorno à casa


Preso num vórtice, solto no mar, voltava de viagem depois de muitos anos. Ele olhou na imensidão das lembranças de tudo mais que viverá e escolheu, sem muito pensar, o caminho à direita.

Seguiu à direita e logo avistou um porto que lhe era familiar. Aportou o barco, amarrou as cordas, afundou a âncora e partiu.

Parou num bar, sentou-se na mesa, pegou um pão - que havia pedido à garçonete  - partiu-o em dois e comeu um pedaço. Uma lágrima escorreu do canto dos olhos, ele sorriu e sentiu-se completo.

Estava em casa finalmente.

Naquela noite ele bebeu por dez, brigou por cem. Riu como quem jamais teve um problema.

Arrumou uma moça, dessas sem muita pretensão ou direito de escolha. Alugou um quarto. Curtiu o final da noite como se a manhã jamais fosse chegar.

A manhã chegou, veio tão clara de doer seus olhos cansados. Não se importou.

Partiu novamente, no barco ancorado no porto da cidade. Não foi ver a esposa e os filhos. Não, já havia encontrado ali, naquela taverna, toda a familia de que precisava.

Um comentário: