Dedicado a C. B.
No silêncio desta estação em que te espero, amassando seu bilhete em minha mão, com olhos atentos ao relógio de pulso, sei que não vem.
As estradas, repletas de neblina, continuam em silêncio por suas promessas vazias. Poucos carros fazem movimento e passam tão rápido que não consigo discernir quem são seus condutores.
Como uma criança, ou um tolo, se preferir, acreditei em suas primeiras palavras. As promessas quentes de destino, os planos de visita, a esperança que pousa na parede mas logo é massacrada pelo jornal de ontem.
Homem crente nas palavras de homens de bem, tive por mim que viria. Fiz uma lista de festejos, planejei onde te levar. Tudo para ouvir, mês a mês, mudar a data de sua chegada, atrasando o trem de minha esperança.
Parte de mim já se foi. Mas algo permanece, de pé, no frio da estação, alimentando o pequeno fio da ilusão de que descerá no próximo trem. Mas sei que seus cabelos louros, recém saídos da fumaça do trem freado, é uma imagem bela e inexistente.
De fato, reconheço perfeitamente a figura de lábios ressecados pelo frio pois aquele homem sou eu. Aquilo que esperou por você até jogar seu bilhete no lixo e, com uns trocados no bolso, comprando cigarros para se aquecer.
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